Para começo de conversa: queremos eleger mulheres para cargos políticos em 2020?

Por Givânia Maria da Silva*


O Brasil é um dos países que se manteve por mais tempo na condição de Estado escravocrata. Esse processo atravessou mais de três séculos e deixou marcas que ainda hoje operam em desfavor dos negros e das mulheres. Mesmo que se tenha a ilusão de um país livre da escravidão, colonização e racismo (mito da democracia racial), é um país com raízes profundas da dominação de um povo (branco) sobre outros (negros e índios) e dos homens sobre as mulheres. Isso se evidencia pelas desigualdades sociais entre esses grupos no Brasil.

Nesse cenário, as mulheres estão com maior carga por se somarem entre si e contra elas os efeitos machismo e racismo. E é nesse sentido que o texto faz uma provocação, mesmo inicial, sobre as mulheres e o lugar de fala das mulheres nos partidos e nos parlamentos, com o objetivo de contribuir com o debate sobre mulheres.

Os aspectos da dominação e da colonização aparecem de diversas formas e se manifestam por meios diversos: comunicação, mercado de trabalho, instituições de ensino públicas e privadas, níveis de escolarização, espaços de representações e, nos partidos políticos esse quadro é agravado.

A história que foi contada durante séculos nos leva a crer que a escravidão, além de ter sido um processo natural, foi aceita pelos negros de forma pacífica e as mulheres não lutaram por liberdade.

Outra manifestação explícita são as desigualdades entre as mulheres e homens nos espaços de representação. Além disso, o acúmulo de riquezas produzidas pelas mãos escravizadas de homens e mulheres estão majoritariamente nas mãos dos homens e brancos.

Estamos falando de riqueza no seu sentido mais amplo, que vai desde os bens materiais aos bens imateriais, a produção do conhecimento, quem são aqueles/as que podem falar e representar os interesses do Brasil. Veja que nunca são as mulheres, e muito menos as mulheres negras.

Por isso, em 2020 estamos nós, de toda a sociedade, desafiados a repensar essa estrutura de poder, e já não há mais como pensar, fazer, legislar, estruturar um projeto emancipador sem as mulheres, sem os povos negros e sem os povos indígenas. Para nós, do Partido dos Trabalhadores, esse desafio se amplia pela nossa história de construção. E neste sentido, devemos investir em candidaturas de mulheres, mulheres negras, indígenas, pessoas trans, assegurando que nossos mandatos e o PT sejam cada dia mais representativos da nossa sociedade.

1) Mapear em todo o Brasil as mulheres filiadas ao PT com disposição para disputar as eleições de 2020, seja para o legislativo ou executivo;
2) Estimular o maior número de mulheres para se colocaram à disposição;
3) Fortalecer os espaços de atuação das candidaturas das mulheres (associações, sindicatos, coletivos, territórios etc.) com ênfase nas mulheres negras, visto que são estas as que dispõem de menos recursos financeiros para investir em candidaturas;
4) Pensar estrategicamente o fundo partidário, de forma a potencializar as candidaturas das mulheres;
5) Dotar as mulheres candidatas das condições necessárias para se colocarem nas disputas, tanto para o legislativo quanto o para o executivo, para que enfrentem as campanhas em pé de igualdade com os homens;
6) Dotar as candidaturas das mulheres de ferramentas para enfrentar os desafios de fazerem campanha, utilizando as novas tecnologias;
7) Contribuir com a elaboração dos programas e planos de campanha e de governos, visando qualificar os debates das mulheres junto à sociedade.


*Givânia Maria da Silva é filiada ao PT, co-fundadora da CONAQ e integrante dos coletivos de mulheres e educação, pesquisadora e professora substituta da UnB.

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