Feminismo, as mulheres negras e suas lutas

Por Sandra Mariano*


Salve o 25 de julho/Dia Nacional Teresa de Benguela e Dia Internacional da Mulher Negra Afrolatina e Caribenha

Nossos passos vêm de longe, e quando afirmamos isso, é porque relembramos quando as primeiras mulheres negras pisaram no solo brasileiro, na condição de escravizada, pois foram sequestradas dos países do Continente Africano.

Essas mulheres negras, muito lutaram por seus filhos, filhas, companheiros e familiares que foram separados, pois seus algozes queriam apagar suas histórias.

Na casa grande foram estupradas, geraram seus filhos e filhas, que foram criados para a exploração da mão de obra no campo e na lavoura. Amamentaram os filhos das senhoras da casa grande e lá trabalhavam como empregadas domésticas.

Suas moradias eram as senzalas, onde elas cultuavam a sua religião, se alimentavam dos “restos” de carnes, que salgavam e assim criaram a feijoada. Da cana de açúcar fermentada, surgiu a cachaça e tantas outras iguarias, que até hoje fazem parte da nossa culinária.

Quando adoeciam se tratavam através das ervas, pois somente quando seu estado de saúde se agravava “seus senhores” chamavam um médico.

Foram escravas de ganho, vendiam seus quitutes nas ruas e uma parte do ganho entregavam aos seus senhores.

Não podemos esquecer que apesar de toda a desigualdade social, que persiste até os dias de hoje, muitas mulheres negras ascenderam em vários espaços, como literatura, esporte, jornalismo e na política.

Em 1859, Maria Firmina dos Reis, maranhense, escreve o romance abolicionista “Úrsula”, romance original brasileiro. Em 1922, a catarinense Antonieta de Barros, educadora e jornalista, funda o periódico A Semana e a Vida Ilhoa. Em 1948 tivemos a primeira afrodescedente brasileira nos jogos olímpicos em Londres, a velocista Melania Luz, entre tantas outras mulheres negras.

E assim caminhamos e chegamos nos dias de hoje, (não segue uma sequência cronológica), na luta contra os retrocessos e relembramos fatos importantes:
1- 320 anos da falsa abolição;
2- O direito ao voto;
3- Elegemos as mulheres negras ao parlamento;
4- Discutimos abertamente as mulheres negras e o Feminismo;
5- A questão da interrupção da gestação, o aborto;
6- Elegemos um metalúrgico na Presidência, Presidente Lula;
6- Criados os primeiros órgãos de Políticas para as Mulheres/SPM e de Promoção da Igualdade Racial/SEPPIR, com status de Ministério, e seus Conselhos com a participação dos movimentos sociais;
7- Realização das Conferências Nacional da SPM e da SEPPIR;
8: Também nos estados e Municípios;
9- O Projeto de Lei, reconhecendo a categoria das Trabalhadoras Domésticas;
10- Elegemos a primeira mulher na Presidência do Brasil, a Presidenta Dilma Rousseff;
11- Programas Sociais: Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, Quilombola, PROUNI, FIES, Ciência Sem Fronteira, Estatuto da Igualdade Racial, a Coleta do Quesito Cor/Raça, em todos formulários (concursos, órgãos de Governo, públicos e privados, SUS, etc), e outros.

Todos esses programas tiveram na sua essência o empoderamento das mulheres negras, que receberam a escritura com seu nome.

O investimento na Educação propiciou o aumento da escolaridade das mulheres negras, que foram para as Universidades, e a oportunidade de fazerem o doutorado e mestrado, no Brasil e no exterior.

Caminhamos porém a pirâmide pouco foi alterada. Ainda permanecemos na escala com os menores salários, mesmo tendo a mesma formação profissional, ou seja, atrás de não negros/as, e dos homens negros.

Enfim muito fizemos e temos muito a comemorar dos Governos Democráticos Populares. Mas hoje com a Pandemia do COVID-19, o novo coronavírus, a população brasileira sofre um genocídio, por falta de uma política sanitária, onde o capital é a prioridade. Assim o Brasil é o segundo país de infectados e de número de óbitos, atrás somente dos Estados Unidos, e o primeiro país da América Latina.

Todo esse quadro é decorrente de um desgoverno do nazifascista Bolsonaro, que promove o ódio, e não tem preocupação com a camada da população negra, pobre e periférica dos estados brasileiros, que são os mais afetados/as, pelo coronavírus.

Mas vai passar, e voltaremos a sorrir.
– Luiz Inácio Lula da Silva


*Sandra Mariano é feminista, militante do Movimento Negro e de Mulheres, membro e dirigente do PT-SP

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