Por Junéia Batista*
Às mulheres negras em todo o planeta está relegado o lugar na última base da pirâmide econômica. Os trabalhos quase sempre são os piores e os que são mais mal pagos.
Não precisamos buscar no Google ou em outras fontes. Basta olharmos em volta e constatarmos que a discriminação racial e de gênero deixam claro quem é que não consegue acessar os direitos básicos e fundamentais como saúde, educação, moradia e um trabalho decente. Mesmo com os avanços nos governos progressistas de Lula e Dilma onde as mulheres negras conseguiram sair no do Mapa da Fome em 2010, as desigualdades ainda naqueles dias não foram superadas. Vivemos num país cuja racismo e machismo são estruturais, com uma patronal cruel e usurária.
Para a redução da pobreza temos que seguir insistindo na defesa de ações afirmativas, apesar de que falar isso hoje, num governo fascista é praticamente impossível. Mas é importante, denunciar, marca posição sobre essa disparidade quando sabemos que as mulheres negras, muitas se prepararam com muitas dificuldades para acessar melhores postos de trabalho, mas infelizmente a maioria segue nos trabalhos braçais e o mais comum é ainda o trabalho doméstico totalmente precarizado e sem direitos, mesmo tendo legislação específica e o Brasil ter ratificado em 2016 a Convenção 189.
A redução da pobreza só será possível quando retomarmos o estado de direito com democracia. Até lá temos que estar nas ruas, ou quase isso afinal estamos em tempos de pandemia e nos organizar para empoderar mais mulheres negras progressistas e assim alcançar a igualdade de oportunidades no mundo do trabalho e em todos os outros espaços.
*Junéia Batista é Secretaria Nacional da Mulher Trabalhadora da CUT.