Por Mais Mães na Política

Por Andréa Cangussú*

Desde o período neolítico, quando o estilo de vida de nossos ancestrais passa a ser sedentário devido à possibilidade de formação de rebanhos e ao avanço da agricultura, a mulher assume um papel secundário na história da humanidade. Consideradas mais fracas, são elas as responsáveis pelos cuidados com os filhos e com a casa, enquanto os homens saíam para trabalhar na lavoura, cuidar dos rebanhos, estabelecer relações comerciais e fazer política e guerras. Até há poucas décadas, essa imposição de papéis nos parecia inquestionável.

Essa estrutura social machista e patriarcal se acentuou com a ascensão da Igreja Católica, no período feudal (século XI) popularmente conhecido como Idade Média. Mulheres não eram consideradas fortes para participarem de guerras, decisões políticas e o protagonismo sempre se concentrava na mão dos governantes homens. Mas essa estrutura não encontra embasamento científico ou racional, pois sempre foi motivada por crenças infundadas e questões culturais.

Na região da Escandinávia, na sociedade viking (800d.c), as mulheres desempenhavam um papel de destaque como guerreiras e lutavam na frente de batalha ao lado dos homens, além de participarem das grandes decisões. Nas invasões nórdicas, era comum ver um exército composto por homens e mulheres e, muitas vezes, nem a gravidez impedia a mulher de ocupar seu lugar de protagonismo e equidade com o homem, seja em cargos políticos ou na própria estrutura social da época.

Com certeza essa é uma situação bem diferente da realidade da sociedade brasileira atual, majoritariamente conservadora e de orientação religiosa cristã, na qual 30% das mulheres abandonam seus sonhos e projetos de vida para cuidarem dos filhos, se afastam do mercado de trabalho e ficam dependentes de seus parceiros.

A política no Brasil segue o mesmo padrão observado no período neolítico. De lá para cá, as mães vêm procurando seu espaço e conquistando, com muito esforço e ao longo das décadas, importantes mudanças na área.

Mas como combater esse preconceito e garantir às mães o tempo necessário para se dedicarem aos seus projetos pessoais e profissionais e às suas campanhas políticas? Neste momento atual, o foco deve ser na ampliação da representatividade feminina na política institucional. Além disso, é preciso apoiar ao máximo as causas sociais que beneficiem os menos favorecidos e as minorias.

Com isso, haverá mais investimento na educação, que é o principal aliado desse movimento por mais representatividade na esfera política. Quando existirem creches públicas e escolas de qualidade, ambas prontas para receber crianças em tempo integral, as mães terão tempo e tranquilidade para focar em seus projetos pessoais e políticos, incluindo as campanhas eleitorais que tomam muito tempo.

As mulheres são maioria na população brasileira, mas minoria nos cargos políticos. Esse quadro precisa mudar, com mais mulheres encarando esse desafio, participando dos debates e disputando as eleições. Quem melhor para propor projetos que visem ao equilíbrio na sociedade para as mulheres do que elas próprias, sempre tão guerreiras e batalhadoras, a desbravar todas as barreiras para ocuparem cada vez mais espaços?


*Andréa Cangussú é Secretária de Mulheres do PT de Minas.

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