Nos últimos anos, o cenário político brasileiro vem sofrendo grandes mudanças, todas elas com forte participação da juventude. Temos, desde 2013, movimentos sociais idealizados e compostos prioritariamente por jovens, protagonizando os mais diversos processos políticos e disputando, lado a lado com os partidos, as mentes e os votos dos brasileiros e brasileiras.
O resultado das eleições de 2018 teve influência direta da juventude. Ainda antes de finalizado o processo eleitoral, pesquisadores mostravam como os jovens e os ideais políticos que vem polarizando as redes sociais e a realidade brasileira conduziram os votos da última eleição. As jovens ocuparam as ruas ao lado de milhares de outras mulheres no #EleNão, ainda no primeiro turno. As brasileiras não se calaram perante a misoginia e a ameaça direta que Bolsonaro representa à vida das mulheres e foram às ruas, no segundo turno na campanha vira voto, conversar com o povo e buscar mudar a triste realidade que as pesquisas apresentavam.
No entanto, esse protagonismo não tem se refletido no resultado das urnas. Os números apresentam que, mesmo com movimentos que mobilizam milhares de pessoas às ruas, os jovens não chegaram a 20% dos eleitos nos processos municipais de 2016 e foram menos de 15% do deputados federais eleitos em 2018. O baixo índice de jovens mulheres eleitas é reflexo da cultura política machista que impera no Brasil, uma política que ainda segue ruralista, religiosamente intolerante, racista, envelhecida e sexista. Nossas câmaras municipais e prefeituras continuam ocupadas por homens velhos que têm a legislatura como profissão e fazem de tudo para impedir a renovação nas casas legislativas e governos.
Mary Garcia Castro traz em seu livro “Políticas Públicas por identidades e de ações afirmativas: acessando gênero e raça, na classe, focalizando juventudes” (2004), que os jovens estão entre os grupos minoritários que disputam espaços de participação política, ao lado dos negros, mulheres e homossexuais. Os partidos progressistas têm se empenhado em mudar essa realidade, programas de formação e incentivo a candidaturas femininas, jovens, LGBTs e do povo preto já são uma realidade. O Partido dos Trabalhadores tem, em sua estrutura, o Projeto Elas Por Elas, o Movimento Representa! e Projeto Nossas Cores, que buscam empoderar e abrir as portas da política para os novos rostos que de fato representam a cara do povo brasileiro.
As jovens mulheres são 17,5% da população brasileira, sua representação política está bem abaixo disso. É preciso trabalhar fortemente para que a política seja cada vez mais feminista, jovem e representativa. Ter jovens mulheres no parlamento, para além da renovação política, tem o poder de transformar a realidade das mulheres brasileiras. Aproximar as jovens da política vem sendo uma tarefa prioritária para a Secretaria Nacional de Mulheres do PT.
Em julho de 2019, realizamos em parceria com a Secretaria Nacional de Juventude do PT, o Fórum Nacional das Jovens Petistas — um espaço de formação e troca de vivências, em que as mulheres da JPT debateram a realidade da juventude e construíram, junto com as secretarias, a carta das jovens mulheres petistas.
Temos exemplos de como a juventude muda os ambientes políticos e sociais quando é inserida nessas realidades. O Brasil avançou muito nas políticas públicas para juventude, a participação de jovens nos governos petistas fez da cultura e da educação prioridades e incentivou para as ações do governo federal abrangerem também a juventude em sua totalidade de pautas.
Ocupar espaços é uma tarefa árdua, passar pelo processo eleitoral é difícil e exige muito, mas participar da derrubada do padrão misógino e antiquado da política parlamentar é uma missão que pede a coragem que a juventude está disposta a entregar. A muralha entre o novo e o velho na política ainda é grande, mas a juventude vem se fortalecendo e se formando para quebrar esse muro. Pensar um novo Brasil e uma nova forma de fazer política com a cara e a força da juventude é possível.